Seis anos em seis meses – a disparada das plataformas de freelancer

Que o mercado está em constante mudança e que aos poucos as pessoas e empresas estavam aderindo à modalidade freelancer não é novidade, mas estávamos preparados para uma mudança tão drástica em tão pouco tempo?

A resposta categórica: não. Apesar da cultura empregadora aceitar e estar aberta a novidades, a maioria delas são introduzidas vagarosamente, quase que homeopaticamente. Tanto é que mesmo com a atual situação sanitária, estima-se que 80% das empresas voltarão ao molde presencial. A tendência é a migração cada vez mais densa para as plataformas online de trabalho, mesmo com a resistência por parte das empresas e da falácia do empreendedorismo.

Com maior acesso à informação, os profissionais desenvolveram consciência de mercado e da fluidez ocupacional e ciência do valor de sua mão-de-obra de maneira mais apurada. Explico, no português claro: os profissionais qualificados não estão mais dispostos a se lapidar no molde empregatício e hierárquico. Boa parte desses especialistas se sente presa, limitada e cerceada por regras e interesses que não favorecem seu crescimento e satisfação pessoal, partindo, assim, para o mundo freelancer. Claro que são terras a serem desbravadas — o caminho ainda precisa ser trilhado de forma consciente para que não haja a “uberização” intelectual, ou seja, as pessoas pensam que estão colhendo os louros quando, na verdade, estão iludidas por uma solução que pode não ser adequada para todos.

Sem direitos trabalhistas, férias, 13º salário, FGTS, rescisão e respaldo jurídico do Ministério do Trabalho, o profissional vai precisar se organizar financeiramente para ter uma aposentadoria digna, seja por aplicações financeiras ou por previdência privada, além de ter que lidar com questões pecuniárias e eventuais prejuízos financeiros (o famoso calote). São todas questões a serem colocadas na balança, pois você pode se sentir muito feliz fazendo horas extras e mil cursos para ser promovido e ter cargos melhores em uma empresa. Porém, numa sociedade que insiste em dizer que meritocracia existe, a única coisa a se fazer é defender o direito das pessoas escolherem qual rumo seguir.

Pessoalmente, tentei clickworking, construção de textos, tradução e revisão de textos. Sempre fui apaixonada pela escrita e queria abandonar o RH sem olhar para trás. Então, com base nos comentários e feedbacks que recebi, venho indicar uma plataforma muito bacana que pode te ajudar a dar esse passo com um pouco mais de segurança: Upwork.

Finalizei vários projetos por essa plataforma e até hoje não me decepcionei, sendo, na verdade, a minha principal fonte de renda há dois anos. Após efetuar seu cadastro, será possível a busca por palavras-chave de assuntos do seu interesse, e os “jobs” serão listados para que seja feita uma candidatura. Cada candidatura “custa” uma determinada quantidade de “connects” (varia de custo) que são debitados do montante recebido ao concluir o cadastro. Quando essa “moeda” acaba, é necessário comprar mais unidades para continuar as candidaturas.

Essa plataforma conecta projetos a profissionais, não há vínculo trabalhista e há mediação pela equipe do Upwork. Em caso de desacordo, um mediador vai avaliar através da troca de mensagens entre contratante e contratado pelo chat e decidirá o que será feito. Por isso, é importante que a comunicação com seu cliente seja feita estritamente pelo chat da plataforma. Assim, as informações ficarão acessíveis para que o mediador tome uma decisão justa.

O risco de calote é mínimo, já que, no momento do aceite do projeto, o valor fica retido no Upwork, ou seja, os valores são pagos pelo cliente com antecedência e ficam “bloqueados” até que seja liberado para pagamento. Isso pode acontecer de duas formas: o cliente pode liberar assim que o projeto é finalizado ou pode-se clicar para solicitar o pagamento. Na primeira opção, em cinco dias corridos o valor fica disponível para saque. Na segunda opção, não havendo contestação por parte do cliente, o valor ficará disponível para saque em catorze dias corridos. Com a situação atual, esse prazo foi reduzido para cinco dias, ainda não ficou claro se essa redução será mantida. Esse prazo é praticado para que, caso o cliente encontre falhas ou peça alguma adequação, a liberação do valor pode ser revista e o prazo reiniciado. Portanto, sugiro uma comunicação clara e efetiva para que os projetos aconteçam de forma suave e frequente. O prático é poder cadastrar uma conta bancária de qualquer banco que tenha código SWIFT ou sua conta PayPal.

A plataforma cobra uma comissão por projeto, que inicia em 20% e vai caindo conforme os valores recebidos no acumulado de projetos e principalmente se o cliente é uma parceria de longo prazo. Existe o sistema de avaliação por estrelas e feedback público para ambas as partes. Então, ao se candidatar para um projeto, consulte o perfil do cliente e leia os feedbacks disponíveis, pois o seu perfil também será consultado. Sendo um bom profissional, com o tempo é possível conseguir dois distintivos: 100% job success e Top Rated. Ambos aumentam suas chances de conseguir projetos e concedem benefícios. É possível, também, verificar seu perfil, recebendo a ligação de um profissional da plataforma que fará algumas perguntas para atestar que você é você mesmo.

O site é todo em inglês e muito provavelmente a comunicação com os clientes será em inglês, sendo esse, talvez, um limitador para alguns profissionais. Também estão disponíveis conferências online, dicas para ter um perfil mais atrativo e um fórum para dúvidas e macetes com uma interface bem intuitiva. Tradutores, programadores, escritores, ilustradores, compositores, locutores… é uma gama de opções para quem quer mudar de área ou de ares. Boa sorte!

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